Imagine aquele vestido tubinho preto básico para qualquer
ocasião, um artigo indispensável para uma mulher moderna. Pois talvez esse
artigo do vestuário não tivesse a mesma importância hoje se não fosse o filme “Bonequinha
de Luxo”. Talvez nem mesmo a expressão “pretinho básico” existisse. Mas não é
apenas na moda que o filme de Blake Edwards, baseado no romance de Truman
Capote, marcou gerações. O filme, que acaba de completar 50 anos, é um dos
melhores da história do cinema, uma comédia romântica doce e com uma pureza
inigualável, que vemos refletida nos olhos de anjo da sensacional Audrey
Hepburn.
Era 5 de outubro de 1961 quando o filme estreou nos Estados
Unidos. E se o mundo ainda não tinha se rendido ao charme e talento de Audrey
Hepburn, em filmes como “Sabrina”, "Cinderela em Paris” ou “A Princesa e o
Plebeu”, não tinha mais desculpas a partir deste filme. E olha que a personagem
de Hepburn era um tanto quanto incomum para os papéis que a atriz estava
acostumada a desempenhar. Holly Golithly, a moça que desce de um táxi com um
saco de papel e um copo de café, e toma o seu ‘breakfast’ em frente à joalheria
Tiffany & Co. (daí o nome do filme), mora sozinha e é o que se pode chamar
de ‘acompanhante de luxo’. Aí o mundo vinha abaixo: estaria Audrey Hepburn
interpretando uma prostituta?
Daí você pode tirar as suas conclusões, mas “Bonequinha de
Luxo” é um dos filmes mais irresistíveis de todos os tempos. Ao mesmo tempo em
que Holly é esperta o suficiente para se manter viva em meio ao mundo que vive,
ela é ingênua a ponto de participar de um esquema de transferência de
informações de um poderoso bandido que está na cadeia. É essa ambiguidade que
Audrey Hepburn coloca nas telas com maestria, uma moça rude e sem certa
educação, mas que aprendeu a ser refinada e sofisticada para vencer na vida.
Ao lado da personagem de Hepburn, vemos o escritor Paul
Varjak, interpretado por George Peppard, que é um solteirão que não sente
vergonha nenhuma ao ser sustentado por uma mulher. Isso até conhecer Holly e
seu estilo de vida desprendido, queira mudá-lo completamente. A história de
amor dos dois é, na verdade, uma contradição, uma vez que ambos são ambiciosos
o suficiente para desistirem de tudo para ficar juntos.
A magia de “Bonequinha de Luxo” é resumida na metade do
filme, quando, num momento de distração, Holly vai para a sua janela, puxa um
violão e começa a cantar “Moon River”, canção composta por Henry Mancini que
entrou para a eternidade ao colocar a suave voz de Audrey Hepburn nas telonas.
Um efeito que nem “My Fair Lady” conseguiu anos mais tarde, e olha que era um
musical!
“Bonequinha de Luxo” ganhou dois Oscars (Melhor Canção e
Melhor Trilha Sonora) e foi indicado a outras três categorias (Melhor Roteiro
Adaptado, Melhor Direção de Arte – cores e Melhor Atriz). Difícil saber que
naquele ano Hepburn perdeu o Oscar para Sophia Loren, a primeira a ganhar uma
estatueta em um filme não falado em inglês. Mas o que importa é que o filme
ganhou muito mais, entrando para o panteão dos clássicos, tornando Hepburn uma
diva absoluta e mudando o ponto de vista do mundo sobre um simples vestido preto
e um café da manhã numa joalheria.
3 comentários:
Amei seu texto. Sou fãzoca da Audrey.
Este filme é realmente genial.Um grande abraço.
Muito legal, cara, tu tem esse filme? Fiquei com mó vontade de ver. =F
Confesso que não conhecia esse filme. Parece ser muito bom. Teu texto só aumentou a minha vontade. Valeu...
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