(EUA, 2011)
De Kevin Smith. Com Melissa Leo, Nicholas Braun, Michael Parks, John
Goodman e Kevin Alejandro.
Esse ano fui uma vergonha como cinéfilo. Sim, com tantos
eventos acontecendo no Rio de Janeiro, mais a minha nova vida de adulto que
inclui trabalhar pra pagar as contas, acabei deixando de lado uma das coisas
mais importantes do ano, o Festival do Rio. Após cobrir por anos a fio com
vários filmes em sequência, quase achei que não ia tirar nem uma lasquinha
dele, mas consegui assistir a pelo menos um dos filmes mais aguardados. Trata-se
de “Red State”, o comentado novo filme do diretor Kevin Smith, que alcançou
notoriedade com “O Balconista” e desde então virou nome Cult.
“Red State” trata sobre uma seita religiosa que quer
exterminar todas as pragas que contaminam o mundo com o poder da oração e de
muitas e muitas armas. Por “pragas”, leia-se homossexuais e fornicadores. Uma
onda de assassinatos cometidos contra gays chama a atenção da comunidade
enquanto que três amigos combinam um encontro às escuras com uma mulher mais
velha para uma noite de sexo. O encontro trata-se de uma armadilha do pastor da
tal seita, que pretende matá-los em um dos rituais. Quando a polícia entra na
história, a igreja se torna um campo de guerra, onde não há limites para a
insanidade.
Kevin Smith tocou num ponto delicado de discussão, mas
provoca muito mais risos do que indignação da plateia que assiste à história de
intolerância religiosa. O enredo é tão absurdo que, se compararmos as
barbaridades do pastor Abin Cooper, o maníaco do filme, com os homofóbicos
enrustidos da TV, como nosso deputado Jair Bolsonaro ou o pastor Silas Malafaia,
esses últimos seriam facilmente confundidos como patrocinadores da Parada Gay.

No mais, “Red State” parece tão ficcional que fica difícil
de acreditar que casos como esses existam na vida real. E não precisamos nem ir
para o interior dos EUA e caçar fanatismo religioso: aqui mesmo, nas grandes
cidades, pessoas matam as outras por intolerância a várias coisas. É só olhar
no jornal.
Nota: 8,5
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