quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

As Aventuras de Tintim

 The Adventures of Tintin
(EUA, 2011) De Steven Spielberg. Com Jamie Bell, Andy Serkis, Daniel Craig, Nick Frost, Simon Pegg.

Steven Spielberg vê muito de Indiana Jones em Tintim, o jornalista aventureiro criado pelo cartunista Hergé. Ou será o contrário? O diretor afirmou em entrevistas de divulgação que não conhecia as histórias em quadrinhos quando filmou “Os Caçadores da Arca Perdida”, mas que o conheceu logo após as filmagens e as semelhanças nas histórias logo fizeram Spielberg querer levar Tintim às telonas. Porém, como levar uma história em quadrinhos ao cinema nos anos 1980? Tinha que ter muito prestígio, cacife ou nomes poderosos como Batman e Superman para tal. Daí que o projeto ficou na gaveta do diretor por anos a fio até que os anos 2000 mudaram tudo. Não somente os quadrinhos viraram um dos gêneros preferidos do cinema atual como também a tecnologia dos filmes de animação mudou nesse período. Foi após assistir “Avatar” que Spielberg viu que podia fazer de seu Tintim um filme com captura de movimentos. Deu certo. A qualidade técnica de “As Aventuras de Tintim” é impecável e o filme logo caiu nas graças do público, com o aditivo de ser um filme com a chancela Spielberg.

Tintim, o intrépido jornalista, se vê no meio de uma trama após comprar um modelo de um navio famoso no século XVII, o Lincorne. Só que logo ele vai perceber a quantidade de pessoas interessadas em reaver o barco e seu faro investigativo não deixa passar despercebido que algo está errado. O inescrupuloso Sakharine está atrás dos três modelos de barco deixado pelo capitão do Lincorne, Sir Francis Haddock, que juntos formam as coordenadas para encontrar o tesouro perdido do navio há muito tempo. Só que, segundo a lenda, só um verdadeiro Haddock irá conseguir decifrar as coordenadas. É aí que entra o único filho sobrevivente de Haddock, que também leva seu nome, mas que parece só funcionar direito à base de bebida, e esqueceu tudo que diz respeito a seu pai e à sua infância. Tintim livra Haddock filho do cativeiro e juntos eles partem atrás dos outros modelos do Lincorne antes de Sakharine.

Cheio de trejeitos de uma época remanescente da era vitoriana na Inglaterra, assim como nos quadrinhos, “As Aventuras de Tintim” consegue ser fiel ao personagem e às histórias, colocando faro investigativo e despertando aquela curiosidade natural que todos nós temos. Spielberg envolve o espectador, desde os créditos iniciais em 2D até o final simplificado que resolve todo o mistério. O único problema é que “Tintim” fica meio perdido entre o infantil e o adulto. Embora o personagem tenha certa inocência (e o roteiro tenha ares meio bobos, é verdade), ele transita no meio de gente perigosa e não hesita em sacar uma arma quando necessário. Até um assassinato na sua porta acontece!

No mais, “Tintim” diverte, mas chama atenção mesmo a apuração técnica da animação, feita toda em captura de movimentos, ou seja, são atores que deram formas àqueles personagens que há anos estampam histórias em 2D. Spielberg conseguiu o melhor com a técnica, que lembra muito mais os avatares de James Cameron do que aquela troça que foi “A Lenda de Beowulf” há algum tempo. Para uma primeira aventura no campo da animação, Spielberg se saiu muito bem. E olha que ele queria fazer algo parecido em “Harry Potter e a Pedra Filosofal”. Imaginem só.
Nota: 9
Efeitos 3D: 9
*Indicado ao Oscar de Melhor Trilha Sonora

Um comentário:

Cristiano Contreiras disse...

Ainda penso que esse filme poderia levar o Oscar, ainda mais que é uma animação bem delineada, sem dúvida. Ótimo texto, viu? E só uma coisa: ainda penso como seria desastroso se fizessem HP em animação como queria Spielberg, aff, rs! abs