terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Românticos Anônimos

Les Émotifs Anonymes
(França, 2010). De Jean-Pierre Améris. Com Benoît Poelvoorde e Isabelle Carré.

Um filme francês que envolve romance, timidez e chocolates. Muita coisa boa e leve junta nessa comédia do diretor Jean-Pierre Améris, que explora, de uma forma muito divertida, a dificuldade que algumas pessoas que sofrem de timidez patológica (os “emotivos”) têm ao ter que expressar qualquer emoção mais forte em público, muitas vezes se sentindo confrontados quando precisam fazê-lo. Nossa maravilhosa tradução colocou essa definição de emotivo como “românticos”. E assim, o filme saiu por aqui (com um ano de atraso, veja bem) como “Românticos Anônimos”. Se bem que, ao analisar o filme, a tradução “acertou errando”, já que é o anonimato do romance disfarçado dos protagonistas que dá o tom certo do longa.

Angélique é uma das emotivas da trama, que procura ajuda para o seu problema em um grupo de emotivos anônimos, que compartilham as suas experiências diárias e, juntos, conseguem avançar alguns passos a mais por dia. Ela, chocolateira de mão cheia, se candidata a uma vaga em uma fábrica de chocolates, mas, por um mal entendido, acaba se tornando vendedora da loja, o que lhe causa certo terror. Mais terror ainda sofre o dono da fábrica de chocolates, Jean-René, que frequenta sessões regulares com seu psicólogo para vencer a timidez exacerbada que o cerca desde criança. O psicólogo passa a ele algumas tarefas que ele precisa realizar. Em uma dessas tarefas, Jean-René precisa convidar alguém pra sair e, ironia do destino, convida Angélique para jantar. É o início de muita confusão, que faz as emoções dos dois se agravar ainda mais conforme eles se apaixonam.

 
Se eu pudesse definir a história em uma palavra, só existe uma que me vem à cabeça: fofa. Sim, porque é fofo assistir aos dois descobrindo um romance inesperado de uma forma tão impulsiva e impossível, já que ambos sofrem seriamente com suas emoções não expressas. O resultado são situações cômicas inusitadas que divertem, da maneira simplista que só um filme francês consegue (vide “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”, por exemplo). Isabelle Carré encarna com vigora a timidez da personagem Angélique, mas as cenas mais hilárias são mesmo as trapalhadas de Jean-René, um homem na casa dos 50 anos, totalmente confuso por estar apaixonado. Pra se ter uma ideia, o personagem carrega uma maleta com trocentas camisas para ir trocando conforme a sudorese aumenta!

Imagina isso tudo em meio a muito chocolate. Pena que essa comédia francesa não pode ser apreciada em sua totalidade, com um lançamento tão limitado no Brasil. O filme só carrega um pouco nas tintas e perde o foco em algumas situações, como se de repente o perfil dos personagens tivesse mudado. Felizmente, ele encontra o caminho de volta para os trilhos, com um lindo (e inusitado) final.

Nota: 8,5 

Nenhum comentário: