

Falando então do que interessa, os vencedores, como de praxe os atores coadjuvantes foram entregues logo no começo da cerimônia. Como era o esperado (poucas surpresas apareceram no 82° Oscar), Mo' Nique venceu como a atriz coadjuvante do ano, pelo papel em "Preciosa". Também pudera. Entre as cinco indicadas, Mo'Nique tinha de longe a melhor atuação do ano - possivelmente também entre as cinco indicadas na categoria principal. Em um discurso emocionado que resumia toda a glória de sua carreira, ela agradeceu que a Academia "tenha deixado a política de lado e tenha feito o que é certo".

Voltando a "Preciosa", o filme desbancou ainda o favorito a Roteiro Adaptado, "Amor Sem Escalas" e acabou levando o prêmio. Sapphire, a escritora de "Push", romance no qual o filme foi baseado, não podia se conter em emoção de ver sua obra adaptada recebendo o prêmio. Na minha visão, o prêmio de roteiro funciona como um "Prêmio de consolação de luxo", praticamente. E ver "Amor Sem Escalas" sair da cerimônia com as mãos abanando, praticamente chupando dedo, foi de cortar o coração.

Em se tratando de roteiro original, quem levou a melhor foi o grande premiado da noite "Guerra ao Terror". Mark Boal, o jornalista e roteirista do filme subiu ao palco visivelmente emocionado, diante de uma Kathryn Bigelow orgulhosíssima. A essa altura do campeonato, ninguém sabia ainda o que estava por vir. "Guerra ao Terror" ganhou também os prêmios de Montagem, Edição de Som e Mixagem de Som, nos primeiros embates que teve contra "Avatar".
"Up", a grande animação do ano venceu na categoria "Melhor Animação", prêmio que era mais do que seu por direito, convenhamos. Mas o momento de "Up", como já está virando praxe nos filmes da Pixar, foi o prêmio de Trilha Sonora para o compositor Michael Giacchino. Só de lembrar da trilha do filme dá vontade de chorar e foi justamente essa ode aos sentimentos nos filmes que o compositor evocou no seu discurso de agradecimento.

Se podemos falar que teve uma grande surpresa neste ano foi na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Praticamente a vitória do alemão "A Fita Branca" era dada como certa, depois de o filme ter levado a Palma de Ouro em Cannes no ano passado. Porém, o prêmio foi para a Argentina com o filme "O Segredo dos Seus Olhos". Se você ficou surpreso, deve ter visto a cara do diretor quando subiu no palco. Por essa, realmente ninguém esperava, se bem que se fosse pra ser um filme latino, preferia muito mais "A Teta Assustada", do Peru. E é assim que a Argentina bate o Brasil mais uma vez com seu cinema.

Na categoria de ators principais, por um nano segundo achei que o prêmio de atriz iria para Gabourey Sidibe. A entrega contou com a presença de cinco amigos dos indicados que falaram sobre como era atuar com aquela pessoa. Mas como era de se esperar mesmo, a noite era de Sandra Bullock. Sua personificação neste filme é diferente de tudo o que ela já apresentou em 20 anos de carreira e ainda assim seu Oscar pareceu premiar tudo o que ela já fez, desde "Velocidade Máxima" até "Maluca Paixão", pelo qual inclusive ela ganhou o Framboesa de Ouro de pior atriz. Pela primeira vez, alguém ganha o premio de melhor e pior no mesmo ano.


Mal Kathryn saiu do palco, Tom Hanks entra praticamente correndo no palco (meu Deus, o que foi aquilo? Venceu o aluguel do teatro e eles tinham que esvaziar logo?) e, como se estivesse ali pra arrancar um band-aid, rasga o envelope e anuncia que "Guerra ao Terror" vencia "Avatar" como Melhor Filme do Ano. Golias estava no chão com a segunda pedra, assim como na Bíblia. Se Kathryn podia ficar mais desnorteada do que já estava, ela ficou. Porque teve que voltar às pressas ao palco junto com Mark Boal e o produtor Greg Shapiro para receber àquele prêmio que pode redefinir a história das premiações daqui por diante.
Hoje eu acordei tentando entender tudo o que aconteceu no fim da cerimônia de ontem. O que é mais importante? Milhões de dólares gastos para contar uma história linda de uma forma extraordinária ou pouco dinheiro mas uma mente brilhante? Nesse caso, tres mentes brilhantes. Katrhyn Bigelow, Mark Boal e Jeremy Renner. O mérito de "Avatar" foi escrito na história com cada centavo recuperado na bilheteria. O povo ama o filme. O 3D vai ser aplicado em 9 de 10 produções daqui pra frente. E não só o 3D como o CGI avançado, a captura de performance e seja lá o que mais "Avatar" tenha ajudado a revolucionar. Mas nessa noite a Academia do século XXI mandou um recado. O que ainda conta não são pessoas que conseguem fazer milagres visuais com milhões de dólares. E sim quem consegue fazer a mesma coisa com milhões de centavos a menos.

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