03/setembro/2009
Antichrist (Polônia/ Alemanha / Dinamarca/ UK, 2009)
De Lars Von Trier. Com Willien Dafoe e Charlotte Gainsbourg.
"Anticristo" não é um filme fácil. Quando Lars Von Trier disse que iria chocar e não estava nem aí para a opinião de quem quer que fosse, ele estava falando sério. Por isso, assistir ao mais novo filme do diretor de "Dogville" é um exercício. Porque não adianta você achar que conhece cinema para assistí-lo. Não adianta querer se deixar levar pelo seu título apocalíptico. Não adianta esperar um "terror", como alguns tem tentado vendê-lo, até porque há terror, sim, mas não do jeito que estamos acostumados a ver. Um grande exercício que algumas pessoas não aguentaram. Dormiram, xingaram, chiaram, e não ligaram para o que estava na tela. Von Trier não quer ser compreendido, engana-se quem pensa isso. Mas quer ver quem é que consegue compreendê-lo. E não é fácil.
Dividido em quatro capítulos, mais um prólogo e um epílogo, "Anticristo" traz a história de um casal que perdeu o único filho em um trágico acidente. A esposa, escritora, entra em um estado de choque profundo, causado pelo luto e pela dor do afastamento do marido, um terapeuta que insiste em aplicar seus tratamentos anti-pânico com a esposa. Para livrá-la do medo, ele decide fazer com que ela os enfrente e pergunta a esposa o que ela mais teme. Ela responde que é a floresta. Então, o marido a leva a uma cabana na floresta e é lá, num lugar inesperado, que todos os medos do casal se revelam, da maneira mais absurda e inesperada: de dentro de si mesmos.
Com belíssimas cenas filmadas, Von Trier entrega uma obra profunda sobre o medo. É difícil acreditar que o medo está tão perto de nós. Não me refiro ao medo comum, medo de espíritos, forças sobrenaturais que aparecem no escuro, medo de altura, medo de assassinos, da violência, medo de coisas que especulamos ou sabemos serem reais. O medo que aparece na tela é o medo de uma criança que se vê sozinha no meio da multidão, sem a mãe. O medo de ficar sozinho, sem companhia. O medo de não conseguir controlar as suas ações. O medo da morte, sua ou de algum ente querido.
Para tal, o diretor não poupou nenhum tipo de choque ao espectador. Todas as famigeradas cenas estão lá, do sexo explícito inicial (e talvez o mais belo da história do cinema) à mutilação vaginal, passando pela masturbação (de ambos) em cenas pra lá de escabrosas e chocantes. E não pára por aí. Quando a personagem de Charlotte Gainsbourg (prêmio de melhor atriz em Cannes, merecidamente) é tomada pelo ódio, pelo medo e pela violência que o local desperta, não há quem a segure. É difícil uma atriz fazer o que ela faz na tela sem parecer vulgar ou apelativo. Williem Dafoe como o marido (o casal não tem nome) também está ótimo e suporta todos os perrengues e devaneios da mulher, às vezes sucumbindo a eles também. O melhor papel dele até hoje? Não sei dizer, mas é um dos melhores.
Antichrist (Polônia/ Alemanha / Dinamarca/ UK, 2009)
De Lars Von Trier. Com Willien Dafoe e Charlotte Gainsbourg.
"Anticristo" não é um filme fácil. Quando Lars Von Trier disse que iria chocar e não estava nem aí para a opinião de quem quer que fosse, ele estava falando sério. Por isso, assistir ao mais novo filme do diretor de "Dogville" é um exercício. Porque não adianta você achar que conhece cinema para assistí-lo. Não adianta querer se deixar levar pelo seu título apocalíptico. Não adianta esperar um "terror", como alguns tem tentado vendê-lo, até porque há terror, sim, mas não do jeito que estamos acostumados a ver. Um grande exercício que algumas pessoas não aguentaram. Dormiram, xingaram, chiaram, e não ligaram para o que estava na tela. Von Trier não quer ser compreendido, engana-se quem pensa isso. Mas quer ver quem é que consegue compreendê-lo. E não é fácil.
Dividido em quatro capítulos, mais um prólogo e um epílogo, "Anticristo" traz a história de um casal que perdeu o único filho em um trágico acidente. A esposa, escritora, entra em um estado de choque profundo, causado pelo luto e pela dor do afastamento do marido, um terapeuta que insiste em aplicar seus tratamentos anti-pânico com a esposa. Para livrá-la do medo, ele decide fazer com que ela os enfrente e pergunta a esposa o que ela mais teme. Ela responde que é a floresta. Então, o marido a leva a uma cabana na floresta e é lá, num lugar inesperado, que todos os medos do casal se revelam, da maneira mais absurda e inesperada: de dentro de si mesmos.
Com belíssimas cenas filmadas, Von Trier entrega uma obra profunda sobre o medo. É difícil acreditar que o medo está tão perto de nós. Não me refiro ao medo comum, medo de espíritos, forças sobrenaturais que aparecem no escuro, medo de altura, medo de assassinos, da violência, medo de coisas que especulamos ou sabemos serem reais. O medo que aparece na tela é o medo de uma criança que se vê sozinha no meio da multidão, sem a mãe. O medo de ficar sozinho, sem companhia. O medo de não conseguir controlar as suas ações. O medo da morte, sua ou de algum ente querido.
Para tal, o diretor não poupou nenhum tipo de choque ao espectador. Todas as famigeradas cenas estão lá, do sexo explícito inicial (e talvez o mais belo da história do cinema) à mutilação vaginal, passando pela masturbação (de ambos) em cenas pra lá de escabrosas e chocantes. E não pára por aí. Quando a personagem de Charlotte Gainsbourg (prêmio de melhor atriz em Cannes, merecidamente) é tomada pelo ódio, pelo medo e pela violência que o local desperta, não há quem a segure. É difícil uma atriz fazer o que ela faz na tela sem parecer vulgar ou apelativo. Williem Dafoe como o marido (o casal não tem nome) também está ótimo e suporta todos os perrengues e devaneios da mulher, às vezes sucumbindo a eles também. O melhor papel dele até hoje? Não sei dizer, mas é um dos melhores.
"Anticristo" é arte, pura arte, e não há como pensar diferente disso. Qualquer um poderia pensar que "Anticristo" é descartável, mas na verdade não é.
Nota: 9,0
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