Os primeiros filmes do Festival a gente não esquece. Ano passado, o meu primeiro foi "O Visitante", com Richard Jenkins, que acabou sendo indicado ao Oscar de melhor ator, mais tarde. Apesar de eu ter perdido a abertura no dia 24, ("Aconteceu em Woodstock", de Ang Lee), esse ano até que foi bom ter começado mais ou menos como foi no ano passado, com filmes independentes. Dois dramas familiares: um previamente planejado, o outro totalmente escolhido por acaso. Mas ambos com sua particularidade, e com visões revolucionárias de como encarar as mais absurdas situações.
O primeiro deles me mostrou o quanto nós não prestamos atenção no cinema canadense. "Eu Matei a Minha Mãe" foi exibido na Quinzena dos Realizadores 2009, em Cannes O filme é uma semi-biografia do ator/diretor Xavier Dolan (de apenas 20 anos), que conta a história de Hubert, um adolescente perdido em meio às descobertas da juventude que odeia a mãe. Odeia mesmo. Todas as atitudes dela são repulsivas a ele. Mas como odiar a própria mãe? Isos não é pecado? É sobre esses questionamentos que o filme se desenrola. Hubert ama e odeia a mãe ao mesmo tempo. Ela, por sua vez, não colabora nem um pouco para que a relação dos dois se estabeleça com harmonia. O pai, ausente, vê a solução em mandar o garoto para um colégio interno.
O filme é brilhantemente rodado. Durante a projeção vemos as emoções de Hubert se desenrolarem em metáforas visuais, no melhor estilo Amélie Poulain. E ainda tem o problema de o rapaz ser homossexual e não ter contado à mãe. Quando a mesma descobre, o pior não é ela ter descoberto e sim de ele não ter contado. Um filme lindo, que o mundo não aprecia. Na parede do quarto do namorado de Hubert vemos ícones da chamada "cultura pop": James Dean. Coco Chanel, River Phoenix, referências a Van Gogh e até à Audrey Hepburn. Realmente não observamos o cinema canadense com cuidado. Uma coisa mais me chamou a atenção no filme. Quando o personagem diz "Todo mundo odiou a mãe em algum momento, seja por um ano ou por um segundo", ele está errado?
Só pra constar: "Eu Matei a Minha Mãe" é a escolha do Canadá para o Oscar 2010.
Nota: 9,0
Nesse filme, vemos aonde pode ir a capacidade humana de cometer loucuras. Entramos na vida de uma família, o pai Eddie, a mãe Tracy e o filho adolescente deles, Mitchel. Os pais são ex-viciados em jogo, embora ainda deem suas escapadas de vez em quando. Mitch é o filho que cresce no meio disso tudo, em pleno deserto de Nevada. A vida deles muda quando um estranho se aproxima da família, dizendo que a casa em que eles vivem pertenceu à sua família quando ele era pequeno. Disposto a comprar a casa, o estranho faz o casal pensar e repensar a situação em que vivem. É quando eles descobrem que o estranho só está atrás de um possível tesouro enterrado há anos no quintal da casa deles. `Pronto. O cenário perfeito para que brigas, desentendimentos e atos de loucura e insanidade comecem a acontecer.
Baseada em fatos reais, a história nos leva a ver até onde as pessoas podem ir por dinheiro. Em todos os sentidos: na figura do pai, perturbado por contas se acumulando e seu vício; através da mãe, que em certo ponto embarca na loucura por encontrar provas quase concretas de que o dinheiro está mesmo sob o seu jardim; através do estranho Bryan, que joga com a sorte oferecendo dinheiro pela casa; e por Mitchel, o jovem adolescente que é deixado de lado pela família enquanto passa por suas próprias necessidades de atenção enquanto está crescendo. Com um final surpreendente, apesar de inconclusivo, o filme foi exibido no Festival de Veneza em 2008.
Nota: 7,0
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