quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Festival do Rio - A Fita Branca

08/outubro/2009


Das Weisse Band
(Áustria, Alemanha, 2009) De Michael Haneke. Com Susanne Lothar, Ulrich Tukur, Burghart Klaubner, Michael Kranz e Marisa Growaldt.

Uma fila gigantesca, de dobrar o quarteirão, do lado de fora. Expectativas lá no alto. Três horas de projeção. Michael Haneke, o homem por trás de "Caché" e "Funny Games". O vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes desse ano não poderia estar de fora do Festival do Rio e não poderia ser com menos cacife. Além do mais, "A Fita Branca" tem arrancado aplausos por todos os lugares que passa, e não é para menos. O longa foi filmado em preto-e-branco, o que é arriscado para os padrões digitais do século XXI. Mas Michael Haneke faz um filme não só competente no roteiro, mas visualmente e esteticamente bonito, como um poema.

No filme, um professor de um vilarejo no interior da Alemanha narra os acontecimentos naquela localidade, antes da Segunda Guerra Mundial. Vários acidentes misteriosos começam a acontecer, como uma linha esticada para derrubar um cavalo e o médico da cidade, um incêndio em um celeiro, duas crianças sequestradas e torturadas. Todos ficam apreensivos no local enquanto tentam levar suas vidas adiante. Tudo é controlado pelo temido Barão, e seus atos repercutem na vida de todos. Ainda vemos a rotina na casa do pastor local, que controla seus filhos com mãos de ferro e do administrador, que também é afetado por tudo o que acontece. O único alhieo e disposto a desvendar o mistério é o professor, que se apaixona pela babá do Barão, que é demitida após o filho dele ser torturado.

"A Fita Branca" tem um roteiro magnífico. A história se desenrola e não vai se arrastando, como seria de se esperar de um filme do gênero. Alguns elementos do filme lembram um pouco do expressionismo alemão do início do cinema, sobretudi na escolha (mais do que acertada) do diretor de usar fotografia preto-e-branco. Ao mesmo tempo que dá um ar de antigo, já que a história se passa no início do século XX, também ajuda a conferir o caráter de suspense e autoritarismo puritano.
Haneke conseguiu levar a Palma de Ouro mas não é o tipo de diretor de Oscar. Não que o filme não mereça, mas o diretor conseguiu fujir de todos os estereótipos americanos e hollywoodianos. Ao mesmo tempo, o charme da história é capaz de conquistar qualquer plateia, eu poderia dizer. Michael Haneke já foi esnobado pela Academia com "Funny Games", de 1995, e com "Caché", de 2006, um dos melhores filmes da última decada. Mas porque pensar em Oscar/? "A Fita Branca" é uma obra de arte pura e genuína, dessas que a gente não vê mais por aí. Não é uma simples statueta de um homem dourado e nu que vai mudar isso. Sem falar que ultimamente, ganhar uma palma de ouro tem sido bem mais interessante.
Nota: 10

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