De Pedro Almodóvar. Com
Antonio Banderas, Marisa Paredes, Elena Anaya, Jan Cornet e Blanca Suárez.
Um Almodóvar é sempre um Almodóvar, isso é fato mais que
sacramentado no mundo do cinema. Ele é um dos poucos diretores que consegue
passear por estilos que vão da comédia ao suspense, sem perder a assinatura
única que tem. E é assim que acontece em “A Pele que Habito”: um ritmo mais
devagar e um tanto menos ‘colorido’, digamos assim, mas que não deixa dúvidas
de que se trata de um Almodóvar legítimo, quase uma pintura em movimento e com
uma reviravolta de surpreender ao mais cético dos espectadores.
O cirurgião plástico Robert Ledgard perdeu a esposa em decorrência
de um acidente de carro que deixou o seu corpo totalmente queimado. Supostamente,
em decorrência da morte da mãe, sua filha mais nova acaba enlouquecendo depois
de uma festa. Na esperança de se recuperar de seus sentimentos e reparar alguns
erros do passado, ele mantém uma paciente em constante observação, fazendo
vários experimentos. Trata-se de Vera, que não usa nada além de um collant cor
de pele e passa seus dias trancafiada. Aos poucos vamos conhecendo a história
por trás da morte da esposa de Robert, da loucura de sua filha e da própria
Vera, que carrega consigo um segredo arrebatador.
Não há como descrever a genialidade da trama de “A Pele que
Habito”, cujo tema central é a cirurgia plástica. Mas não pense que ela está
ali para discutir vaidade e outros assuntos que jornalistas desinformados
adoraram perguntar ao diretor durante as coletivas de imprensa. A cirurgia
plástica é quase como um personagem fundamental da história, o que dá sentido a
toda ela. Apesar disso, são os sentimentos humanos, tão rechaçados nas
histórias dos personagens do filme, que conduzem toda a história.
Antonio Banderas volta a trabalhar com Almodóvar, o diretor
que o consagrou há anos atrás, em um papel calculista e frio, diferente do bon vivant
que estamos acostumados. Ele não se sai tão bem como nos seus papeis mais
calientes, mas não chega a comprometer o personagem nem a atuação de Elena
Anaya, mais conhecida no Brasil pelo filme “Um Quarto em Roma”. Quem aparece um
tanto apagada, quem diria, é Marisa Paredes, outra parceira de Almodóvar que
tem um papel mais coadjuvante, sem muita expressão, uma pena.
Cheio de referências visuais e com uma narrativa construída
em flashbacks, onde aos poucos o espectador vai desvendando a história, “A Pele
que Habito” não tem o mesmo charme de produções como “Má Educação”, “Volver” ou
“Tudo Sobre Minha Mãe” – os clássicos, digamos assim – da mesma forma como foi
o com “Abraços Partidos”. Mas sem dúvida, merece e muito ser assistido por ter
uma das reviravoltas mais impensáveis do cinema. Até porque, um Almodóvar
SEMPRE é um Almodóvar.
Nota: 8,5
Ai, se eu te pego! |
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