quinta-feira, 6 de agosto de 2009

10 Mancadas da Ficção Científica

06/agosto/2009


Já percebeu como muitos filmes acabam desafiando as leis da física pra produzir efeitos bacanas pra que a gente possa se divertir no cinema? É porque alguns desses filmes simplesmente ignoram essas leis! Claro, existe a chamada "licença poética" para poder contar melhor uma história em uma situação hipotética, como é o caso dos filmes a seguir. Mas se levados a sério, alguns erros são tão gritantes que você se pergunta: em quê os produtores estavam pensando? Como dica, essa semana estreia "G.I. Joe - A Origem de Cobra", onde guerreiros super sônicos lutam por aí, e "Efeito Borboleta: Revelação" tá aí pra mais viagens no tempo. Peguem seus livros de física e divirtam-se. Lembrando que o cinema faz prte de um universo paralelo por vezes inverossímil, então ele pode! rs

10 - Viagem à Lua (1902)
De George Mélies.

Ok, começamos pegando leve com esse aqui porque, além de ser um dos primeiros filmes de fantasia feitos, não se sabia muito dos conceitos de física como os conhecemos hoje em 1902. Para quem nunca assistiu ao filme, cientistas viajam dentro de uma gigantesca bala de canhão até à superfície da Lua. Lá, eles saem e andam tranquilamente, sem nenhum oxigênio ou preocupação com a falta de gravidade. Mas George Meliés não era um físico, era um ilusionista e queria apenas contar uma boa história.

*Não se sabia sobre as condições da Lua no início do século XX, mas a Lei de Gravitação Universal, foi proposta por Isaac Newton ainda no século XVII e confirmada por Albert Einstein, contemporâneo de Meliés.

9 - Jornada nas estrelas (os filmes de 1979, 82, 83, 86, 89 e 2009 e a série da TV) Vários diretores

"Jornada nas Estrelas" é uma das séries mais cultuadas de todos os tempos, mas é a que carrega um grande número de erros físicos quando se trata de espaço. Um dos principais é a velocidade que as espaçonaves conseguem atingir. Uma nave a 25% da velocidade da luz precisaria de 3 meses para frear sem se desintegrar. Prevendo episódios tediosos, os criadores de Jornada deram um gato na 1a lei de Newton (a da inércia) e bolaram os amortecedores de inércia. Bom, às vezes, ataques danificam os amortecedores, e isso só faz a tripulação se desequilibrar, quando deveria virar purê.

*A série ainda é reponsável por tornar possível o teletransporte, inventado graças à super inteligência dos vulcanianos, o povo do Dr. Spock, já que a inteligência humana ainda não inventou uma maneira de resolver a desintegração de partículas.

8 - Querida, Encolhi as Crianças (1989)
De Joe Johnston

O baixote Rick Moranis cria uma geringonça capaz de fazer com seus filhos o que diz o título do filme: encolheu os filhos e os filhos do vizinho. Só que, de acordo com a física de partículas, um adolescente reduzido ao tamanho de uma formiga teria exatamente o mesmo número de átomos. Se ele perdesse alguma simples molécula, perderia parte do seu corpo. Em outras palavras, teria o mesmo peso de antes. Carregar os moleques na mão? Sem chance.

*Esse erro é praticamente ignorado pela liberdade poética do filme, que insinua que formigas possam ter emoções complexas (!). O filme rendeu três continuações: "Querida, Estiquei o Bebê", "Querida, Encolhi a Plateia" e "Querida, Encolhi a Gente".

7 - A. I. Inteligência Artificial (2001)
De Steven Spielberg

A questão aqui é explicar a fonte de alimentação dos robôs. No caso de "O Homem Bicentenário", por exemplo, eles são recarregados por uma fonte de energia elétrica. Bom, em "A.I.", os robôs dispensam quaisquer fontes de energia. Vai ver eles carregam um estoque... Tarefa árdua: se fossem movidos a gasolina, teriam de levar 860 kg para durar 10 anos. Melhor pensar em algo como energia nuclear. Neste caso, a engenhoca vivida por Haley Joel Osment viraria uma pequena Chernobyl após os 2 mil anos que passa debaixo d’água.

*A melhor solução seria a energia solar, mas nenhuma menção foi feita no filme. Mas e daí? A história é fofinha e lindinha, e triste o suficiente pra alguém pensar em procurar algum erro.

6 - Star Wars: Episódios I, II, III, IV, V e VI (1977,1980, 1983, 1999, 2002 e 2005)
De George Lucas
A trama inteira de "Guerra nas Estrelas" se passa "há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante", o que por si só justifica que, nesse lugar, as leis da física terrestres não contam. Mas o Universo é o mesmo, certo? No caso o filme, é comum ouvirmos grandes estrondos, vindos de explosões no espaço. Seria isso realmente possível? De acordo com as leis da física, não! O som é uma onda mecânica e necessita de um meio material para se propagar. O espaço é constituído de vácuo (ausência de matéria), o que impossibilita a propagação do som. Os únicos tipos de ondas que se propagam no vácuo são as ondas eletromagnéticas.

*Falando em vácuo, temos um erro por causa do erro. Sem a resistência do ar, os destroços de naves atingidas nas batalhas espaciais não perdem velocidade, tornando-se armas letais para quem está nas redondezas. Sem falar no risco de atingir um tanque de combustível. Considerando que eles carregam energia suficiente para viagens interestelares, seriam umas explosões e tanto.

5 - Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008)
De Steven Spielberg.


A cena da bomba atômica em "Indiana Jones 5" é polêmica, apesar de bela. No filme, o arqueólogo se depara com um local cheio de bombas que era usado para testes de explosões. Com o perigo iminente de as bombas detonarem, ele se esconde em uma geladeira revestida de chumbo. Mas isso não é suficiente para impedir Indiana Jones de ir pro espaço. Não se pode escapar do centro de uma explosão nuclear dentro de uma geladeira ainda que blindada. O chumbo poderia atenuar os efeitos das radiações, mas é um bom condutor térmico. A temperatura atingida na explosão não dá qualquer chance a quem esteja lá dentro.

*Além disso, no filme o local é ejetado pela força da explosão. Por ser revestida de chumbo, a geladeira nunca poderia ser projetada pra frente ou para o alto, por causa do seu peso e pela força da inércia.

4 - Homem-Aranha (2002, 2004, 2007)
De Sam Raimi

Toda a história de Peter Parker é muito legal de acompanhar e até crível, dispensando as mutações genéticas de 24 horas. Pois bem, o Homem-Aranha usa suas glândulas fiandeiras de aranha para sair voando por aí pela cidade de Nova York. A teia sai de dentro do Aranha. Hum... Então um passeio por Manhattan seria menos inofensivo do que aparece nas telas: a cada 100 m de teia que lançasse, Peter Parker perderia 3% do volume do seu corpo, como acontece com as aranhas de verdade. Em 1,5 km já teria abandonado um terço do seu organismo. Mas tudo bem, super-herói é super-herói.

* O primeiro "Homem-Aranha" foi listado pelo site Falha Nossa como o terceiro filme que contém mais erros de continuidade ou de explicação, sendo mais de 180 detectados só no site. O filme só perde para "Jurassic Park" e "Titanic".


3 - O Dia Depois de Amanhã (2004)
De Roland Emmerich


No filme, Nova York é atingida por um super-tsunami, e acaba submersa por 46 m de água. Legal. Mas para tanto seria preciso derreter 75% do gelo da Antártida de uma vez. E isso só aconteceria se toda a energia solar que chega ao planeta ficasse direcionada ao Pólo Sul por dois anos. Não seria algo discreto, mas os cientistas do filme não são lá muito atentos mesmo...

* A intenção do diretor não era mesmo ser verossímil e sim, alertar o mundo sobre o perigo do aquecimento global. Ele quis provar que o mundo não está preparado para uma catástrofe climática iminente, que, mesmo lenta e gradual, está acontecendo.


2 - Armageddon (1998)
De Michael Bay


Tá, é um filme de Michael Bay. Nesse longa heróico e visualmente muito bonito, qual foi o maior erro do rei dos efeitos nos filmes de ação? Não ter destruído a Terra, pô!. Usar uma bomba nuclear para partir em dois um asteróide prestes a se chocar contra a Terra, desviando suas metades da rota. Esse é o plano que salva o mundo em "Armageddon". Só que a humanidade teria pouco para festejar. É que as metades do asteróide passariam tão perto que exerceriam uma força gravitacional 100 vezes maior que a da Lua, causando marés que engoliriam países.

*Os dois asteroides ainda deixariam de rastro gigantescos furacões ao interferir na atmosfera. Mas ei: até que seria um belo começo para explicar "O Dia Depois de Amanhã"!

And the winner is...
1 - O Núcleo: Missão ao Centro da Terra (2003)
De Jon Amiel

Esse é o campeão do consenso quando o assunto é besteira da física. Existe um princípio cinematográfico chamado "a suspensão voluntária da descrença", na qual o público pode aceitar um certo nível de improbabilidade em benefício da história. O complicado é saber até onde os espectadores estão dispostos a suspender sua descrença. O filme "O Núcleo - Missão ao Centro da Terra" era tão inverossímil que fracassou nas bilheterias. A maneira como os produtores escolhem lidar com o fator plausibilidade em seus filmes pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso. Tudo bem, esse é só um filme sobre o dia em que a rotação da Terra parou e seu campo magnético ficou ameaçado, o que levou um grupo de cientistas a adentrar o planeta para reativar o seu núcleo... Isso não só é impossível de fazer como é dificil saber como alguém sequer pensou nessa possibilidade. Primeiro: se a rotação da Terra parasse, tudo no planeta pararia junto. Quando o planeta se move, nós nos movemos junto com ele! Imagine um ônibus em movimento que freia de repente. Todos os passageiros seriam projetados pra frente, porque continuariam sua trajetória. Sendo assim, um "tranco" na Terra faria com que todas as construções desabassem e todos os seres que estivessem "soltos" do solo sairiam voando. Quanto ao núcleo, mesmo que a força magnética parasse, a temperatura não esfriaria do dia pra noite a ponto de cientistas descerem lá em segurança. "Reativar" o núcleo inteiro então... um tiro na física, na biologia, na química, na geologia ...

*E continua: No centro da terra, não há gravidade. No meio dela, a sensação seria equivalente a andar na Lua; No fim do filme, a Terra aparece girando no sentido contrário. A rotação invertida da Terra poderia ser efeito das explosões nucleares que fizeram o planeta girar no sentido errado (?!?!?!); Podemos ver que as bombas têm relógios digitais, mas eles não deveriam estar funcionando adequadamente devido aos problemas que a parada do núcleo da Terra está causando em tudo; Quando começa a viagem da "nave" e as baleias acompanham a mesma, o inventor diz que se deve ao fato do ruído da nave que gera ultra-sons e atrai as baleias. No final do filme os sobreviventes são encontrados pelo grupo de salvamento devido as baleias. Pergunta: Como as baleias são atraídas pela nave no final do filme se a nave não possui energia para funcionar pois está sem gerador, e a fonte de força utilizada por eles para chegarem a superfície (o calor do magma e do núcleo) não está mais presente. Neste ponto surge mais uma questão: se eles utilizaram o calor para mover a nave como eles atravessaram a crosta uma vez que a mesma não alcança as temperaturas do magna que manteria o funcionamento da nave?



Fontes: "Insulting Stupid Movie Physics" (A Insultante estúpida física dos filmes), de Tom Rogers.
Superinteressante, edição Março 2008
Blog De Rerum Natura

2 comentários:

Unknown disse...

so sobre o homem-aranha ele dispara teias dele proprio so no filme pq nos quadrinhos ele inventa o dispositivo disparador d eteia pq e um execelente cinetista

Marcos Nascimento disse...

Pois é, Emmerson, vale lembrar também que a nova franquia "O Espetacular Homem-Aranha" corrigiu esse erro e colocou lança-teias feitas por ele mesmo.

Valeu ;)